terça-feira, 8 de setembro de 2015

III SEMINÁRIO DE PESQUISA DO LAPSU

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O Laboratório de Psicanálise da UECE gostaria de convidá-los para o III Seminário de Pesquisa “O Sintoma e os vários tons do gozo: Excessos na contemporaneidade” a ser realizado no dia 14 de Setembro no Auditório do SPA – Bloco P. Pela manhã, serão apresentados trabalhos desenvolvidos pelos membros do grupo e à tarde haverá o lançamento do livro “O sofrimento psíquico e a cultura contemporânea: perspectivas teórico-clínicas”, com uma excelente oportunidade de debate com os autores. Não deixe de participar!

PROGRAMAÇÃO:

Manhã: 09:00 – 11:00
Apresentação de trabalhos dos membros do laboratório
- A causa do desejo e a instituição de furos no discurso biomédico (Alcivan Nunes)
- Considerações sobre o sintoma na saúde e na psicanálise (Francisco Paiva)
- Os profissionais e o uso abusivo de benzodiazepínicos entre mulheres: As incidências do discurso capitalista na clínica (Camila Carrilho)
- A letra e o feminino: a-bordando o furo no saber (Lia Silveira)

Tarde: 13:30 – 16:30
Lançamento do livro “O sofrimento psíquico e a cultura contemporânea: perspectivas teórico-clínicas”
Convidados:
- Marluce Alves de Oliveira (Psiquiatra, diretora do Instituto Dr. Vandick Ponte)
- Arminda Guimarães Rodrigues (Psicóloga e Psicanalista, Coordenadora do Núcleo de Estudos Ensino e Pesquisa do Instituto Dr. Vandick Ponte)
- Tatiana Tostes Vieira da Costa (Psicóloga e Psicanalista)
- Lise Mary Soares Souza  (Psicóloga e Assistente Social)
- Alice Pereira Carneiro (Psicóloga Clínica)


Postado Por: lapsu17:10

segunda-feira, 1 de junho de 2015

GRUPO DE ESTUDOS: Ato de poesia

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ATO DE POESIA: 
GRUPO DE ESTUDOS DOS CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA PSICANÁLISE


Professora orientadora: Camila Guimarães de Paula Pessôa

Objetivo do grupo: Estudo da psicanálise não somente por meio dos convencionais textos acadêmicos que serão previamente disponibilizados, mas também pela discussão de casos e pela busca do diálogo com outros campos como arte, sociologia e história. Também objetiva-se a construção do saber por parte do aluno, não se limitando apenas ao acúmulo de informações, mas também a uma visão ampla do que é a psicanálise em seus projeto ético-politico e quais suas limitações. Os assuntos estudados serão escolhidos (bem como a forma que serão trabalhados) de acordo com os objetivos dos alunos e da professora.
Conteúdo programático: Os conteúdos serão trabalhados em ciclos mensais de debates. Ao final cada ciclo será promovido um seminário clínico sobre alguma obra (filmes, livros, quadros...) e ao final de cada três meses, o grupo promoverá uma discussão aberta a todo o curso de psicologia contando pesquisadores/analistas convidados.
Os alunos presentes foram divididos em três grupos de acordo com as necessidades formais do grupo: Divulgação, Secretariado e Pesquisa de Conteúdo. Isso, porém, não quer dizer que todos não possam contribuir em tudo.



Cronograma de Atividades

Junho: Epistemologia da psicanálise 
1° encontro: 
Texto: A história do movimento psicanalítico (Freud)
Complementar:
Cinco lições de psicanálise (Freud)
Dicionário da psicanalise
2° encontro:
Texto: A história do movimento psicanalítico (Freud)
Complementar:
Cinco lições de psicanálise (Freud)
Dicionário da psicanalise
3° encontros:
Ciência e Psicanálise:
Sobre o véu da psicopatia
Dispositivo de gozo na sociedade de controle (Leonardo Danziato)

Julho: Primeira tópica 
1° encontro:
A interpretação dos sonhos, cap. 7 (Freud)
Psicanalisar, cap. "O sonho do unicórnio" (Serge Leclaire)
Para introduzir à psicanálise nos dias de hoje (Melman)
Cap: Nada de mais real que um sonho
Elementos do sonho e o egoísmo do sonhador
A existência de uma escrita especifica para a formação do sonho
Recortes clínicos
2° encontro:
A interpretação dos sonhos, cap. 7 (Freud)
Psicanalisar, cap. "O sonho do unicórnio" (Serge Leclaire)
Para introduzir à psicanálise nos dias de hoje (Melman)
Cap: Nada de mais real que um sonho
Elementos do sonho e o egoísmo do sonhador
A existência de uma escrita especifica para a formação do sonho
Recorte literários: Anais Nin livro incesto
3° encontro:
A interpretação dos sonhos, cap. 7 (Freud)
Psicanalisar, cap. "O sonho do unicórnio" (Serge Leclaire)
Para introduzir à psicanálise nos dias de hoje (Melman)
Cap: Nada de mais real que um sonho
Elementos do sonho e o egoísmo do sonhador
A existência de uma escrita especifica para a formação do sonho
4° encontro: Seminário clínico: Sonho
Filme: A cidade dos sonhos
O brilho eterno de uma mente sem lembranças
A ilha do medo
5 ° encontro:
A interpretação dos sonhos, cap. 7 (Freud)
Psicanalisar, cap. "O sonho do unicórnio" (Serge Leclaire)
Para introduzir à psicanálise nos dias de hoje (Melman)
Cap: Nada de mais real que um sonho
Elementos do sonho e o egoísmo do sonhador
A existência de uma escrita especifica para a formação do sonho

Agosto: Sexualidade 
1° encontro:
Três ensaios sobre a teoria sexualidade (Freud)
Textos complementar: A criança e o infantil em psicanalise
Édipo (Nasio)
Compreender Freud, cap. 3: A sexualidade.
A vida como ela é (dama de lotação) Bonitinha mais ordinária.
2° encontro:
Organização genital infantil (Freud)
Textos complementar: A criança e o infantil em psicanalise
Édipo (Nasio)
Compreender Freud, cap. 3: A sexualidade.
Musica : Geni e o zepelim (Chico Buarque)
3° encontro:
Diferença anatômica entre os sexos (Freud)
Dissolução do complexo de édipo (Freud)
Textos complementar: A criança e o infantil em psicanalise
Peça: Perdoou-te por te traíres (Nelson Rodrigues)
Édipo (Nasio)
Compreender Freud, cap. 3: A sexualidade.
4° encontro: Seminário Clínico: ?
Final de Agosto Seminário Aberto (No SPA)
Tema: O infantil
Dois convidados e dois alunos.

Setembro: Pulsão (princípio de prazer) 
1° encontro:
Pulsão e suas vicissitudes (Freud)
O fracasso do princípio do prazer (Safouan)
2° encontro:
Pulsão e suas vicissitudes (Freud)
O fracasso do princípio do prazer (Safouan)
3° encontro: Seminário clínico: Libido e fantasia
The Rock Horror Picture Show
Club da luta.

Postado Por: lapsu14:13

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Exibição do filme Red State (2011)

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Com o início do semestre letivo 2015.1, o Laboratório de Psicanálise da Universidade Estadual do Ceará (LAPSU) dá início a mais um Grupo de Estudos. Esse ano o tema será "Os vários tons do gozo: satisfação, excesso e sofrimento". Como abertura, teremos a exibição do filme Red State (2011), seguido por um debate com a Prof. Dra. Lia Silveira, coordenadora do LAPSU. 


Sobre o filme:

Estados Unidos • 2011 • cor • 88 min 
Direção: Kevin Smith
Roteiro: Jean-Baptiste Andrea e Fabrice Canepa
Elenco: Michael Parks, John Goodman, Melissa Leo, Michael Angarano, Kerry Bishé, Nicholas Braun, Kyle Gallner, Kevin Pollak, Stephen Root.

Red State é a história de três adolescentes que têm a infelicidade de entrar na mira de uma família de religiosos fundamentalistas no corações dos EUA. O diretor do filme teve como inspiração a Westboro Baptist Church, de Topeka, cidade do Kansas. O controverso grupo batista, liderado pelo pastor Fred Phelps e formado principalmente por membros de sua família, é conhecido pelo ódio contra homossexuais

Postado Por: lapsu15:12

GRUPO DE ESTUDOS 2015

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O Laboratório de Psicanálise da Universidade Estadual do Ceará dará início ao Grupo de Estudos 2015. O tema deste ano será "Os vários tons do gozo: satisfação, excesso e sofrimento" e os encontros ocorrerão nas quartas-feiras às 11:30 na sala do LAPSU (SPA, Bloco P, UECE - Campus do Itaperi). As inscrições estão abertas para o público em geral e é feita através do e-mail (lapsuece@gmail.com), mediante o envio das seguintes informações: nome completo, instituição, matrícula, curso, semestre, e-mail e telefone.

Ementa:
A psicanálise nasce a partir da questão do desejo histérico, marcado pela falta e pela insatisfação e pelos sintomas corporais. A teorização do princípio do prazer foi a formulação inicialmente encontrada por Freud para explicar a economia psíquica. Sua prática clinica, no entanto, começa a depará-lo com fenômenos que escapam a essa lógica, como a satisfação no sintoma, a repetição, a reação terapêutica negativa, dentre outros. Assim é que ele chega a elaboração de algo que se situa para além do princípio do prazer. Lacan vai se interessar por esse campo – que ele nomeia de campo do gozo – apontando para sua especificidade ética: a psicanálise, ao interessar-se pelo sexual, coloca a questão da satisfação em torno da relação com o outro, que é tomado por mim enquanto objeto. O que regularia então essa relação? Qual a economia que perpassa a relação com esse objeto onde eu busco satisfazer-me, mas que frequentemente se revela na sua dimensão de sofrimento, seja por sua falta, seja por seus excessos? São essas questões que guiarão nosso percurso no “Grupo de Estudos em Psicanalise: Freud e Lacan” esse ano.

Bibliografia selecionada:
- O mal-estar na civilização (FREUD, 1930)
- Além do princípio do prazer (FREUD, 1920)
- Projeto para uma psicologia científica (FREUD, 1895)
- O instinto e seus destinos (FREUD, 1915)
- Seminário, livro VII, lições II,III,IV,V,VII,XIII,XIV,XV,XVI. (LACAN, 1959-1960)

Serão emitidos certificados para aqueles que atingirem, no mínimo, 75% da frequência. O período do grupo de estudos será de junho de 2015 até junho de 2016 e o certificado será referente às horas/aula correspondente a todos os encontros.


Sejam todos muito bem-vindos!

Postado Por: lapsu14:50

terça-feira, 25 de março de 2014

GRUPO DE ESTUDOS 2014

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          Na próxima quarta (02), o Laboratório de Psicanálise da Universidade Estadual do Ceará dará início ao Grupo de Estudos com o seguinte tema: Desbravando o continente negro: O feminino na Psicanálise. Os encontros ocorrerão nas quartas-feiras às 11:30 na sala do LAPSU (SPA, Bloco P, UECE - Campus do Itaperi).        As inscrições estão abertas, inclusive para alunos de outros cursos e instituições, através do e-mail (lapsuece@gmail.com), mediante o envio da ficha de inscrição que está disponível no link a seguir: http://www.4shared.com/office/dDWLYznxce/Ficha_de_inscricao_LAPSU_GE.html

        No final do semestre, serão entregues certificados com a quantidade de horas/aula correspondente a todos os encontros.

Os textos a serem abordados nesse semestre serão:

    •    A Organização Genital Infantil  (Freud)
    •    Algumas Consequências Psíquicas da Diferença Anatômica entre os Sexos (Freud)
    •    Sobre a Sexualidade Feminina (Freud)
    •    Lições 12 e 13 do Seminário III (Lacan)
    •    A Menina e o Falo (Lacan)
    •    Lições 6 e 7 do Seminário VIII (Lacan)
    •    O que Lacan dizia das mulheres, p.15 a 38 (Colette Soler)
    •    De um discurso que não seria semblante (Texto a definir)
    •    Lições 6 e 7 do Seminário XX (Lacan)

    OBS.: Os dois primeiros textos da lista serão discutidos já no primeiro encontro.


Sejam todos muito bem-vindos ao LAPSU!


















Postado Por: lapsu20:35

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Ciclo de debates: "TOTEM E TABU NO CONTEXTO ATUAL"

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O Laboratório de Psicanálise da UECE (LAPSU) promove um ciclo de debates com os encontros às segundas-feiras no horário de 13:30. O evento tem o intuito de homenagear os 100 anos de uma das obras mais importantes de Sigmund Freud: Totem e Tabu, aproveitando para contextualizar com a nossa realidade, refletindo o próprio cenário em que a Universidade Estadual do Ceará (UECE) se encontra atualmente a partir desse viés, mostrando o que a psicanálise tem pra acrescentar como discussão no movimento grevista.
No dia 18/11, tivemos a apresentação do Livro Totem e Tabu e, para quem perdeu a discussão ou mesmo para quem estava e tiver interesse em estar lendo o texto discutido, disponibilizamos abaixo:



CONSIDERAÇÕES SOBRE TOTEM E TABU



                                                                                                      Thais Barreto Coelho de Melo


Enquanto a etnografia estudava especialmente a psicologia dos povos e da natureza, a psicanálise se voltou principalmente para a psicologia dos neuróticos. Entre esses dois estudos aparentemente distintos, existem convergências que se fazem dignas de uma análise, apesar de elas, não necessariamente, apontarem para uma origem ou essência comum.

O livro Totem e Tabu, escrito por Freud e composto por quatro ensaios originalmente separados, aborda, na perspectiva psicanalítica, alguns temas da psicologia dos povos que ainda não vieram a ser solucionados e que, na opinião do autor, não haviam recebido ainda a consideração merecida.
Freud coleta diversas informações contidas em obras de grandes autores (como Spencer, Frazer, Tylor, Wundt, Darwin, Smith, etc.) e as utiliza como ponto de partida para suposições sobre a gênese de alguns mecanismos desenvolvidos em tribos de selvagens que demonstram ter conservado aspectos primitivos.

O primeiro aspecto a ser abordado é o Horror ao Incesto, que possui uma relação íntima com o corolário da exogamia e com a adoração totêmica presente nessas tribos. O totem pode ser um animal, uma planta, um fenômeno natural ou um objeto inanimado que possui uma relação muito especial com o clã. Ele é o seu ancestral comum e, por isso, o clã tem o dever de respeitar e proteger a espécie da qual procede, abrindo mão de matar e alimentar-se desse animal e recebendo em troca proteção e ajuda. As proibições podem se estender a não tocar, não olhar e não mencionar o nome do totem. Caso algum membro do clã não cumpra com os seus deveres totêmicos, será automaticamente punido com doença grave e, provavelmente, com uma consequente morte. O totemismo adquire o papel de base religiosa e social desses povos e o vínculo com o totem se mostra mutuamente benéfico.
No clã, já que todos possuem um laço de procedência em comum, que é o totem que lhes nomeia, todos os seus membros são considerados parentes, ou seja, todos fazem parte da mesma família. Os vínculos não são entre indivíduos, e sim entre todo o grupo. Os laços do totem são bem mais fortes do que os laços familiares que conhecemos. Esse fato impede a união sexual entre os membros de um mesmo clã, o que caracteriza a exogamia presente em qualquer divisão da tribo que tenha objetivo de regulamentar a escolha matrimonial (fatrias, subfatrias, clãs, etc).

O casamento entre membros de um mesmo grupo totêmico se torna, portanto, um tabu. Os tabus surgem como impedimentos, interdições, proibições. São precauções de cunho sagrado que têm como intuito afastar os selvagens das tentações. Quanto ao incesto, eles se mostram ainda mais sensíveis do que nós “civilizados”. Isso pode ser consequência de sua maior proximidade frente a tentação, fazendo com que eles se protejam muito mais rigorosamente desse ato repugnante e impuro. Obedecer ao tabu é estar sujeito a uma limitação, uma restrição.

A necessidade de fuga das tentações que caracteriza o tabu, algumas vezes, chega a casos extremos como, por exemplo, não mencionar o nome da irmã, não olhar nos olhos dela, não comer se ela estiver presente, etc. Interdições desse tipo também podem ser encontradas em relação a pai e filha, mãe e filho e genro e sogra, por exemplo. Em alguns povos, tal horror é tão forte que eles castigam até animais domésticos incestuosos.

Mas por que será que os tabus - como, por exemplo, o tabu do incesto - são marcados por tamanho temor? A origem da palavra tabu é polinésia e não há uma tradução específica para ela. O seu significado se divide em duas direções opostas que vão de santo e sagrado à inquietante, perigoso, impuro e demoníaco. Tabu é tudo aquilo em que é depositada uma fonte misteriosa de poder (mana), seja um lugar, uma pessoa ou um objeto. O contato com essa energia poderosa que é inerente a condições excepcionais ou especiais pode causar destruição caso seja grande a diferença entre suas cargas.
O tabu, portanto, é algo que não pode ser tocado, seja por sua elevação divina ou por seu caráter perigoso. Essa concordância entre os dois aspectos opostos do tabu leva à suposição de que, possivelmente, os dois extremos fossem inicialmente indiferenciados e que se ramificaram no decorrer do tempo. Essa diferenciação teria dado lugar ao desenvolvimento de opostos. O demoníaco, inicialmente em evidência, dá lugar, aos poucos, à sua ramificação, saindo do horror à veneração. A crença em deuses, então, seria desenvolvida, deixando a sua oposição como algo inferior e acompanhado de desprezo. Assim também ocorreu na sucessão dos estágios mitológicos, onde o estágio anterior, depois de superado, não desaparece, e sim passa a subsistir ao lado do superior de forma degradada.

Mas de onde surgem tais demônios? Freud considera a origem deles nos sentimentos hostis pertencentes a ambivalência que os sobreviventes abrigam em relação aos amados que morrem. A dor pela perda é consciente, ao contrário da satisfação que remete ao desejo de assassinar o amado, que é inconsciente. Dessa forma, o selvagem joga a percepção interna para o mundo externo, deslocando a sua hostilidade para os espíritos através da projeção, e assim acaba transformando seu egoísmo em altruísmo, de forma que investe nos impulsos sociais que supercompensam seu instinto mau - o desejo original de assassinar. Portanto, põem em prática punições nos casos de transgressões, assim como cerimônias e lutos nos casos de falecimento, que têm objetivo de prantear os mortos, apaziguando suas relações com eles e amenizando o sentimento de culpa que sentem. O espírito, que é amado e odiado ao mesmo tempo, é temido e adorado, é sagrado e impuro. O espírito, assim como o tabu, é ambivalente. E, dessa forma, se encaixa com o conceito inicial de demônio, abrigando oposições que se dividiram e tornam, posteriormente, coisas distintas.

Voltando ao que se refere ao toque, percebemos algumas coincidências entre a proibição nos tabus e nas neuroses obsessivas. Nos dois casos, a proibição é claramente consciente, enquanto o desejo - de tocar, por exemplo - é inconsciente, ou seja, a ambivalência se faz presente em ambos. O tabu existiu e permaneceu por conta do desejo de fazer o proibido. Apesar disso, o temor se revela, na maioria das vezes, mais forte que o desejo, impedindo que o tabu seja transgredido.
Se as duas principais leis do totemismo são não liquidar o animal totêmico e evitar relações sexuais com os indivíduos do mesmo totem, será que seriam esses os mais fortes e antigos apetites humanos? Eles coincidem, curiosamente, com os dois crimes de Édipo, que matou o pai e teve relações sexuais com a mãe, assim como coincidem também como o núcleo nodal dos desejos infantis inconscientes.

Já que esses dois princípios fundamentais do totemismo mostram tamanha compatibilidade com as teorias psicanalistas sobre o complexo de Édipo, é de extrema importância adentrar nos tabus dos selvagens e perceber que eles não então tão longe assim das proibições morais e tradicionais obedecidas ainda hoje. Os caminhos trilhados por Freud nos leva a considerar o totemismo como uma fase regular de todas as culturas, o que aumenta a necessidade de aprofundar a compreensão sobre a origem e o desenvolvimento desse sistema que engloba os enigmas que também nos concerne.

Para elucidar a gênese do horror ao incesto, Freud elabora uma hipótese histórica, porém quase mitológica. Sua explicação é inspirada na teoria darwinista do estado social primevo do homem, onde eles viveram originalmente em hordas - assim como os macacos superiores - e o macho mais velho impedia que os outros tivessem relações com todas fêmeas
do grupo. Nessas pequenas comunidades, um único macho adulto era considerado e os jovens que cresciam disputavam pelo domínio do grupo. Então, o vencedor se estabelecia como líder, matando ou expulsando os derrotados. A hipótese de Freud é que, certo dia, os irmãos expulsos teriam se juntado e abatido o pai, acabando com a horda primeva. Após matá-lo, devoraram-no, o que simboliza a identificação com ele e a apropriação de sua invejada força - e nisso, talvez, realizaram a primeira festa: a refeição totêmica. Ao eliminar seu antecessor, satisfazem o ódio que cultivavam por ele ser o obstáculo a suas necessidades de poder e a suas reivindicações sexuais com as mulheres da horda. Porém, amavam-no e admiravam-no, e, portanto, não escaparam do arrependimento. Após a morte, o pai se torna ainda mais forte do que havia sido vivo. Por conta da consciência de culpa que surge diante do ato, os irmãos proíbem a si mesmos aquilo que o pai anteriormente exigia apenas com a sua existência. Então, eles criam as leis que interditam o assassínio do totem, que representa o seu antecessor, e renunciam às mulheres de seu grupo, fundamentando os dois principais tabus do totemismo.

Daí, o sistema totêmico reconcilia o pai e os filhos e concede a eles suas fantasias infantis de proteção e cuidado, assim como ajuda a fazer esquecer os crimes que tanto os inquietavam. Os irmãos, apesar de terem se unido para derrubar a liderança do pai, eram rivais no tocante às mulheres. O segundo fundamento do totemismo alude ao fato de que a necessidade sexual, em vez de unir os homens, acaba por dividi-los. Diante disso e diante do medo de ser assassinado pelos próprios irmãos, já que nenhum era tão forte quanto o pai para ocupar o seu lugar vazio de líder supremo, eles percebem que o ato executado trouxera alguns problemas para a convivência do grupo. O crime vem a dar início às organizações sociais, às restrições morais e à religião. Portanto, o “Não matarás” surgiria como fundamento tanto religioso quanto social, já que se dirige, respectivamente, ao totem e aos irmãos. Esses, ao perceberem que a plenitude do poder do pai é inalcançável, aos poucos, abrandaram a hostilidade quanto a ele, até que se dispuseram a se sujeitar a sua lei. As refeições totêmicas, festas de recordação onde ocorrem os sacrifícios, são um momento em que as restrições impostas pelo totem são deixadas de lado e o crime é repetido no sacrifício do animal totêmico. Essa é uma forma de renovar a apropriação dos atributos do pai e relembrar a satisfação do triunfo sobre ele. A participação de todos os membros do grupo na cerimônia torna possível o excesso vivenciado na festa.

No mito cristão, o pecado original do homem é o pecado contra o Deus-Pai e Cristo salva os homens do peso desse pecado sacrificando sua própria vida. Ora, segundo a lei de talião, um assassinato só pode ser expiado pelo sacrifício de outrem, dando a entender que o sacrifício da própria vida, como fez o filho de Deus, aponte para um homicídio. Depois disso, a religião do filho substitui a religião do pai e a antiga refeição totêmica é reavivada, sendo ingerido, na forma de comunhão, o corpo e o sangue desse filho que se sacrificou. O herói, que carrega a culpa trágica, é transformado em salvador de seus irmãos.


O complexo de Édipo, que é consonante com a possível origem do totemismo elaborada por Freud, forma o núcleo da neurose. A base da consciência de culpa neurótica se acha apenas em realidades psíquicas, sem precisar ser fatual. Como fenômeno de sua organização narcísica, a existência fantasiosa do desejo de assassinar o pai poderia bastar para a reação de criar o totemismo a partir do arrependimento gerado pela ambivalência. Essa hipótese acabaria com a necessidade de supor o crime que tanto nos ofendem os sentimentos. Apesar de tentador, esse argumento não se faz decisivo. O primitivo, diferentemente do neurótico, converte rapidamente o pensamento em ato, pois nele o ato é como um substituto para o que se pensa, assim como acontece em crianças pequenas. Nós, neuróticos, temos que lidar com a culpa de nossa realidade psíquica, não importando o quanto reprimida e absurda nos pareça a hipótese de desejarmos a morte de quem tanto amamos. A herança de anos de gerações que se sucederam deixa espaço para os substitutivos deformados encontrados em nossa cultura atual. Será que somos capazes, apesar dos labirintos construídos pelos nossos inconscientes, de identificar que substitutivos são esses?

Postado Por: lapsu09:33

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Seminário Inaugural do Laboratório de Psicanálise da UECE

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Tema: Psicanálise na Universidade

Dias 3 e 4 de Outubro
Auditório do Serviço de Psicologia Aplicada da UECE
Fortaleza - CE


Apresentação

A questão da relação da psicanálise com a universidade remonta ao próprio nascimento desse campo de saber quando, em 1918 Freud pontuou que “A questão da conveniência do ensino da psicanálise nas universidades pode ser considerada sob dois pontos de vista: o da psicanálise e o da universidade.” Apesar de deixar claro que a formação do analista não se faz nos bancos universitários, não deixou de ressaltar as que “a universidade só teria a ganhar com a inclusão, em seu currículo, do ensino da psicanálise.” Pensando nessas contribuições, quase cem anos depois, o curso de psicologia da UECE vem desenvolvendo, desde a sua primeira turma, algumas atividades que tomam a psicanálise como eixo: grupos de estudo, pesquisas, cursos, além das próprias disciplinas curriculares. Da experiência que resultou desses quatro anos de trabalho, surgiu o interesse de formalizar um espaço institucional que abrigasse a produção desenvolvida e ainda pudesse permitir à UECE o estabelecimento do laço necessário com o outro social. Foi assim que, em agosto de 2013 nasceu o Laboratório de Psicanálise da UECE – LAPSU que agora temos a satisfação de inaugurar. Para comemorar esse momento nada melhor que um evento em que possamos trocar ideias, fazer circular experiências e ouvir aqueles que se interessam por um diálogo acerca da causa analítica. A programação que se segue busca articular a temática “Psicanálise na Universidade” a partir dos três eixos: ensino, pesquisa e extensão; considerando, ainda, a necessidade de fazer ouvir tanto o espaço acadêmico como o da formação do analista que é, em essência, extra universitário.
Convidamos a todos e esperamos que este possa ser um momento de escuta e aprendizado!

Lia Silveira - coordenadora do LAPSU
Rose Silveira - coordenadora do Curso de Psicologia – UECE



Programação

03/10/2013


17:00 -  Inscrições e entrega de material


17:30 – Mesa de abertura


18:00 – Conferência “Psicanálise e Universidade” – Leônia Cavalcante Teixeira (Psicanalista, Professora Doutora do Programa de Pós-graduação em Psicologia da  Universidade de Fortaleza)


04/10/13


8:30 – 10:30 - Mesa: A Transmissão da Psicanálise

·      Andrea Rodrigues – Psicanalista, Membro da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano
·      Valton de Miranda Leitão – Psicanalista, diretor do instituto de ensino e formação psicanalítica do GEPFOR
·      Alessandra Xavier – Psicanalista, professora do Curso de Graduação em Psicologia da UECE, Doutoranda em psicologia.

10:30 – 10:45 - intervalo


10:45 – Mesa: A experiência dos Laboratórios de Psicanálise em Fortaleza

·      Leonardo Danziatto – Psicanalista, Laboratório de Estudos e Intervenções Psicanalíticas na Clínica e no Social – UNIFOR
·      Eduardo Silva Taveira  – Bolsista de Iniciação científica do Laboratório de Psicanálise da UFC

12:00 - 13:30 – Intervalo


13:30 – 15:15 – Mesa: A pesquisa em Psicanálise

·      Ricardo Lincoln Barrocas – Professor Doutor do Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFC
·      Osvaldo Costa Martins – Psicanalista, Psicólogo da UNILAB, mestre em Psicologia pela UFC
·      Lia Carneiro Silveira – Psicanalista, Professora do curso de graduação em Psicologia da UECE, Coordenadora do LAPSU


15:15 – 16:45 – Mesa: Experiências na pesquisa em psicanálise

·      Emilie Boesmans (Psicóloga, Membro do LAPSU, Mestranda em Psicologia Pela UFC) e Dario Junior (Psicólogo, Membro do LAPSU)
·      Francisco Paiva ( Enfermeiro, Professor do Curso de graduação em Enfermagem da UECE, Membro do Fórum do Campo Lacaniano – Fortaleza – CE, Membro do LAPSU)
·      Paula Palácio (Enfermeira, Mestranda em Cuidados Clínicos e Saúde pela UECE, Membro do LAPSU) e Rúbia Mara (Enfermeira, Mestranda em Cuidados Clínicos e Saúde pela UECE, Membro do LAPSU)
16:45 – Mesa de Encerramento



Inscrições
As vagas serão limitadas. Os interessados deverão se inscrever enviando a ficha abaixo, devidamente preenchida para o email lapsuece@gmail.com e aguardar confirmação.


Ficha de Inscrição
Nome: 
Email: 
Telefone: 
Curso: 
Instituição de Origem: 

Postado Por: lapsu10:33